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Um pouco mais de azul... e também vermelho e verde

  • Foto do escritor: Paulo Ferreira
    Paulo Ferreira
  • 30 de out. de 2017
  • 2 min de leitura

Um conhecido padre e escritor brasileiro, Mário Bonatti, disse que “a vida tem a cor que pintamos”. Esta citação não poderia estar mais próxima da realidade quando se olha para certos trabalhos realizados em Photoshop.

Esta fotografia de uma banca de jornais e revistas, na Califórnia, tirada a 26 de junho de 1942, está magnífica. Trata-se de uma colorização a partir de uma fotografia restaurada pela agência Shorpy.

A maioria, se não a totalidade das agências fotográficas de renome, já aderiu a esta tendência, vendendo imagens pintadas.

Tenho, contudo, sentimentos contraditórios em relação a este processo...

É inegável que a cor acrescenta informação, mas só é uma mais valia documental e gráfica quando aplicada com conhecimento, recorrendo para tal, a objetos e a gravuras pintadas na época, em suma, a documentos que “descrevam” a cor original. Nestes casos, com arte e engenho é possível fazer magia. O busílis está em encontrar fontes fidedignas e em refrear os impulsos criativos.

A icónica imagem de um piloto kamikaze é um excelente exemplo executado pela agência Lebrecht, sobre uma fotografia a preto e branco da Getty Images.

Dois nomes incontornáveis quando pesquisamos profissionais desta atividade são Dana Keller e Marina Amaral, que também têm imagens restauradas e pintadas em galerias organizadas pelo jornal Observador.

Ambos aceitam comissões, encomenda de trabalhos, mas para um mercado editorial pequeno como o português, imagino que seja incomportável para a maioria dos orçamentos. Mais facilmente a editora optaria por ilustrações ou infografias.

Preferências à parte, a colorização é um negócio em expansão, e no Youtube pululam tutoriais destas técnicas. Estes dois vídeos https://www.youtube.com/watch?v=C2Srw245R7U e https://www.youtube.com/watch?v=r68BN6Mx6es são acessíveis a qualquer utilizador do Photoshop. A duração de cada “aula” é inferior a 10 minutos, mas a execução deste trabalho (com qualidade) é um trabalho moroso, e quem pretender fazê-lo profissionalmente, convém munir-se de equipamento à altura, como uma mesa digitalizadora, stylus de precisão, etc.

Num trabalho anterior, um manual de História para o 9.º ano, o editor foi muito solícito ao pedir-me determinadas imagens a cores que, em circunstâncias normais, só existem a preto e branco. Das muitas que consegui obter, soldados nas trincheiras, o centro de Londres após um bombardeamento, o desembarque na Normandia no dia D, o julgamento de Nuremberga, entre outras, a que mais me fascinou foi a de dois soldados na Primeira Guerra Mundial com máscaras antigás a disparar uma metralhadora (metralhadora), da Bridgeman. A paleta de cores aplicada é notável.

À direita está a imagem original, a preto e branco, que está em domínio público e que pode ser descarregada para quem quiser aventurar-se nas artes das pinturas digitais.

Por último, recomendo a visualização deste pequeno filme, que mostra o quão exigente é a colorização, com rigor, de fotografias antigas.

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