Operações mais limpas

Estátuas com pombos e sarapintadas; ecopontos sujos; salas mal iluminadas... Cenários que fazem parte do quotidiano dos fotógrafos e dos documentalistas.

Quando se trata de uma sessão fotográfica num laboratório escolar, antevejo sempre algum trabalho adicional de edição de imagem. Se não tenho disponibilidade, confio esta tarefa a um fotógrafo colaborador, mas independentemente da minha presença, estou certo de que as fotografias em causa (para além dos habituais ajustes de cor, retoques e enquadramentos) carecem de “limpezas a fundo”, isto porque os objetos retratados raramente se encontram em condições fotogénicas.

Estamos a falar de provetas, suportes, bicos de Bunsen, funis, pipetas e de muitos outros materiais com bastantes anos de (ab)uso nas mãos de alunos... uns menos cuidadosos que outros. Tento alertar a editora e as docentes que acompanham e preparam a sessão fotográfica para este problema, mas imagino que a resposta (mental) delas seja igual à minha e é algo do género:

— Isso depois “arranja-se” no Photoshop.

Na realidade, é rara a fotografia, até as que são compradas nos melhores bancos de imagens, que não necessite de “acerto” no Photoshop ou em qualquer outro programa de edição de imagem, até por uma questão técnica de impressão (em papel), que vai adulterar as cores e consequentemente o contraste da imagem, mas o que o documentalista não deve fazer é falsear a fotografia.

A intervenção, na minha opinião, deve ser reduzida ao mínimo essencial; limpar a imagem e realçar um ou outro pormenor que pode fazer a diferença na leitura da imagem. É para isto que entra o Photoshop, esse programa mágico que quer que tudo mude p’ra que tudo fique melhor!